Combate à AIDS
De janeiro até o início de novembro deste ano, a Bahia registrou cerca de 950 casos de infecção pelo vírus HIV. Em 2014, foram notificados cerca de 1.240. pesar de as estatísticas apontarem para uma possível redução em 2015, os números são considerados alarmantes pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
No dia 1ºde dezembro, comemora-se o Dia Mundial de Luta Contra a Aids. E a campanha deste ano dará enfoque nos jovens gays de 15 a 24 anos das classes C, D e E. A ação busca discutir as questões relacionadas à vulnerabilidade ao HIV/aids, na população prioritária, sob o ponto de vista do estigma e do preconceito. Além disso, a ideia é estimular a reflexão sobre a falsa impressão de que a aids afeta apenas o outro, distante da percepção de que todos estamos vulneráveis.
De janeiro até o início de novembro deste ano, a Bahia registrou cerca de 950 casos de infecção pelo vírus HIV. Em 2014, foram notificados cerca de 1.240. Apesar de as estatísticas apontarem para uma possível redução em 2015, os números são considerados alarmantes pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
Para especialistas, o aumento no número de casos é explicado pela falta de prevenção. “O uso da camisinha ainda não é uma prática diária”, diz a coordenadora do Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (Cedap), a médica infectologista Miralba Freire. Ela aposta, ainda, em outro fator: menor preocupação com a seriedade da doença. “É uma mudança de visão. Talvez os jovens hoje tenham uma vivência diferente de quem viu perdas graves, de artistas, de pessoas que eram até idolatradas, para a Aids. As pessoas têm uma falsa ideia de que o coquetel (de remédios) significa segurança. Ele melhora muito a qualidade de vida, mas não representa cura”, alerta.
Juventude em risco De 1984 até 2014, os diagnósticos de Aids em adolescentes e jovens na Bahia representavam pouco mais de 10% do total no estado até aquele momento: eram 2.588 casos no universo de 26.268 diagnósticos. Hoje, em Salvador, segundo a coordenadora municipal de DST/Aids, Flávia Guimarães, é entre jovens a prevalência de novos casos.
“É uma epidemia concentrada em populações-chave. Os jovens não viram o lado feio da Aids e hoje têm a ideia de que tem cura. Tudo bem que nós tivemos grandes avanços, tem o coquetel, a pessoa convive bem com a doença. Ela vai ter uma vida longa, mas com restrições”, afirma. Segundo Flávia, os jovens aparecem duas vezes no quadro de populações-chave para o Ministério da Saúde: como jovens, propriamente, e como homens jovens que fazem sexo com homens (HSH). Em 2013, último dado anual disponibilizado pelo Ministério da Saúde, a maior parte dos adolescentes e jovens identificados com Aids na Bahia eram homens, pardos, com ensino médio completo e heterossexuais. A coordenadora de Educação e Saúde do Cedap, Marli Miguez, enxerga outro problema. “O maior desafio é ensinar prevenção para uma geração que não tem medo da Aids. É um grande desafio falar para jovens quando não temos mais aquele impacto, onde as pessoas morriam, aquela cara feia da Aids. A gente vê pessoas convivendo com uma doença de manejo crônico, mas a epidemia continua fora de controle”, afirma. Dados do Boletim Epidemiológico de Aids de 2014 do Ministério apontam a maior concentração de pessoas vivendo com Aids no Brasil tem, hoje, entre 25 e 39 anos. Nos últimos dez anos, o maior crescimento foi entre homens de 15 a 19 anos – 53,2%. É também nesse grupo que está a maior tendência de mortalidade pela doença. Já na Bahia, a maioria dos diagnósticos em 2013 é de homens, entre 40 e 49 anos, de cor parda, com ensino médio completo e heterossexuais. O perfil é o mesmo encontrado nas três cidades com o maior número de novos casos nos últimos 14 anos e meio (2000-2014): Salvador (9.619), Feira de Santana (1.060) e Vitória da Conquista (514). As outras sete cidades com o maior número de novos casos nesse período são, também segundo o Ministério da Saúde, Itabuna (435), Porto Seguro (435), Camaçari (420), Juazeiro (405), Ilhéus (387), Lauro de Freitas (386) e Eunápolis (309). Todas as cidades têm mais de 100 mil habitantes.*Com informações de aids.gov.br e Correio da Bahia e A Tarde Online
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