Endometriose e Terapia
Psicóloga Fabiane Bomfim defende a necessidade do acompanhamento psicoterápico para mulheres que sofrem com a Endometriose
Endometriose e Terapia
Psicóloga Fabiane Bomfim defende a necessidade do acompanhamento psicoterápico para mulheres que sofrem com a Endometriose
Em nossa série de temas importantes para a saúde da mulher, com entrevistas feitas na III Jornada de Ginecologia e Obstetrícia do Sudoeste da Bahia, aproveitamos para conversar um pouco com a psicóloga Fabiane Bomfim acerca dos Impactos Emocionais das mulheres que têm Endometriose. Fabiane discorreu sobre a necessidade de acompanhamento psicoterápico para elas:
O que a gente vê nos consultórios de terapia são os impactos devastadores de ordens diversas sobre a mulher com Endometriose, e que atravessam temas gerais na vida doméstica, profissional, relação com os filhos, qualidade do sono, e, principalmente nas suas relações sociais. Uma mulher com Endometriose - num quadro crônico - se isola muito, por conta das queixas, por ser algo repetitivo demais e porque muitas vezes não é compreendida no que está dizendo e sentindo. A partir daí também, os conflitos familiares começam a aparecer porque uma pessoa com dor constante torna-se irritada, angustiada, deprimida, se isola, e a família não entende.
O que mais chama atenção é porque geralmente são mulheres em idade reprodutiva, jovens que estão em momentos específicos da vida, que estão às vésperas de um casamento, pensando em ter filhos, por exemplo, engatando num relacionamento sério... E muitas vezes as relações não se sustentam diante deste período de turbulência. Muitas relatam sobre relações que não deram certo, de casamentos que terminaram e algumas chegam a - inclusive - questionar a sexualidade, porque sentem muita dor na relação sexual.
Os médicos preocupam-se e ocupam-se de tratar os sintomas físicos, porque este é o papel deles, mas existe um abandono do lado emocional dessas pacientes. Elas podem se sentir melhor das dores, as queixas podem diminuir, mas o que aconteceu emocionalmente, o tempo não pode apagar. Elas precisam se ressignificar, se redimensionar. Muitas vezes sozinhas, com este isolamento social, não conseguem, por isso a importância de serem encaminhadas para um consultório psicoterápico, para que ali elas possam elaborar melhor e fazer uso, pelo menos positivo, do que viveram.
Dentro deste contexto, ainda pode existir a dificuldade para engravidar. É um tema que a gente não questiona se quer ou não ser mãe. A mulher, por nascer com o útero, subentende-se que precisa ser mãe em algum momento da vida. Então, se deparar com a dificuldade para engravidar traz a necessidade de se pensar sobre a maternidade e decidir como ela vai se sentir diante de um processo de reprodução assistida. Muitas fracassam, repetidas vezes, ainda se abre espaços para falar sobre adoção. E este momento pode trazer sérios problemas para o casamento, porque muitos casais pensam que ter um filho é a efetivação de uma família. Então, tudo fica em stand by. A vida da mulher não vai para lugar nenhum até ela que consiga ter um filho. Muitas mulheres que tentam engravidar continuam sendo acompanhadas em terapias particulares, mas as clínicas de reprodução, não tenho informação, pelo menos, das mulheres estão em tratamento comigo, de ter espaços como este para que elas possam elaborar, serem orientadas, tratar da sexualidade do casal, e é no consultório psicoterápico que a gente acaba trabalhando esses temas.
Fabiane Bomfim
É Psicóloga e atua em área clínica, no acompanhamento de Mulheres e Casais com problemas de Infertilidade e submetidos ao processo de Reprodução Assistida. - Especialista em Terapia Familiar e casal pela Bircbeck Universidade de Londres; -Formação em Clínica Sistêmica pelo Instituto Humanitas. -Graduada em Psicologia pela Faculdade Ruy Barbosa.
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